Bar dos Mortos

O Bar dos Mortos existe! Porém é um espaço freqüentado por pessoas vivinhas da Silva e fica em Sergipe, no município de Itabaiana, distante apenas 58 km da capital.

O nome correto do bar é São Cristóvão, mas os freqüentadores assíduos o apelidaram como Bar dos Mortos. O motivo é simples: o dono tem a mania de colecionar fotos de gente morta e ainda colocá-las em exposição nos murais espalhados pelo estabelecimento. O autor dessa irreverência é o senhor Cristóvão Pereira da Silva, 48 anos. Segundo ele, a coleção já ultrapassa 700 fotografias.



Tudo começou há 10 anos, quando o seu primo caminhoneiro foi assassinado. “Com a morte do Nilton, fiquei muito sentido, ele era um grande parceiro. Aí peguei uma foto dele e coloquei no meu bar para que pudesse sempre ser lembrado. Depois morreu outro caminhoneiro, aí a família me deu uma foto para que eu colocasse também no mural”, relembra.

A situação saiu fora de controle e o que era para ser apenas uma homenagem ao primo, tornou-se um grande hobby. “Amigos e familiares de caminhoneiros mortos traziam as fotos para que eu pendurasse no meu mural, a partir daí virou mania e resolvi colecionar só de caminhoneiros. Mas, tinha gente que vinha aqui e pedia para que eu colocasse também a foto do filho, ou do marido, sei lá, quem quer que fosse, aí aceitei”, conta Cristóvão.

Debaixo da porta
O que Cristóvão não imaginava era que as pessoas fossem admirar e valorizar a sua estranha coleção. “Tem gente que deixa fotos quando o bar ainda está fechado. Elas enfiam por debaixo da porta. Tive que conseguir mais murais para poder colocar todas”, diz o dono se divertindo com a situação.

Fotos de autoridades sergipanas e até de Pipita (apelido dado ao adolescente que aterrorizou a população da região sul de Sergipe realizando raptos, invasões de residências e homicídios) ganham destaque no bar do Cristóvão. Ele coleciona imagens de qualquer pessoa, basta estar morta e ser sergipana. “Coloco a de todo mundo, só não quero que coloquem a minha”, brinca o colecionador.

Para Cristóvão, além de pendurar a foto no mural, é preciso saber a história de cada um. “A maioria eu conheço, por isso sei como morreu. Se foi de velhice, doença ou ‘morte matada’. E quem traz a foto aqui, eu faço questão de perguntar”.

Olhando os mortos
As histórias dos mortos se transformam em divertidas conversas no bar São Cristóvão e fazem do estabelecimento um verdadeiro ponto de encontro. De gente viva, é claro. “As pessoas vêm aqui tomar uma, olham a foto de alguém conhecido e daí começa a falar, a lembrar de quando ele era vivo, o que fazia, e assim vira um bate papo”, explica o dono.

Os frequentadores assíduos enxergam a estranha mania de Cristóvão como uma bonita forma de homenagear quem hoje já não está mais vivo. “Eu acho legal, principalmente quando vejo as fotos dos caminhoneiros. Não me assusta, pelo contrário, o morto não faz mal a ninguém e é curioso saber de que ele morreu”, opina o caminhoneiro José Derivaldo Nascimento Paixão, 38 anos.

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